Sinais já estão por todo o caminho, agora escuros!
Antes, tínhamos passado e futuro; agora, tudo é um "enorme presente",





NA RUA

No meio do caos, a Matriz
Estreitas e infelizes ruas
Botecos com cara de esconderijo!
Nos becos infecciosos e sem saída!

Tudo sugere velocidade, urgência, nossa vida está sempre aquém de alguma tarefa. A tecnologia nos enfiou uma lógica produtiva de fábricas, fábricas vivas, chips, religião, pílulas para tudo. Temos de funcionar, não de viver. Por que tudo tão rápido? Para chegar aonde?

Filhos do consumo.


O homem; as viagens

O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
do solar a col-
onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.

Carlos Drummond de Andrade

Linha de montagem!


Máquinas superam os homens! Homens qurem fazer do seu corpo máquinas perfeitas!

Era das máquinas
Apesar de tudo, o carro não esta condenado à extinção. Ele pode ser, também, um veículo ecológico. As políticas públicas deverão torná-lo um meio de transporte mais caro, cobrando impostos e pedágios que permitam investir em veículos coletivos e revolucionando os sistemas atuais. Ao mesmo tempo, o carro poderá viver um renascimento ecológico com estrutura produzida em novos materiais e motor movido a baterias solares ou hidrogênio. Os combustíveis do futuro já estão sendo pesquisados pelas multinacionais para fazer frente a legislações ambientais cada vez mais rígidas, como é o caso da Clean Air Act, a Lei do Ar Limpo, dos Estados Unidos.

Sério: Sonhos de Máquina


Efeitos das máquinas sobre os homens
Muitas pessoas, no trânsito, pensam apenas em si mesmas.

Sério: Sonhos de Máquina


Crises das máquinas
O caos nas metrópoles!